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Dia 31 de Janeiro estive no Museu Nacional Soares dos Reis, onde tive a oportunidade de me deliciar com as exposições de grandes obras na companhia da minha prima, que lá trabalha, e que teve a gentileza de me acompanhar e guiar por elas.
A exposição que mais me impressionou foi sem dúvida a intitulada "Diário de um Estudante", uma homenagem a Henrique Pousão.
Henrique nasceu em 1859 em Vila Viçosa e foi uma das mais notáveis figuras da pintura portuguesa do século XIX. Foi sempre um estudante de belas artes, já que faleceu aos 25 anos com tuberculose em casa do primo em Vila Viçosa, antes de poder completar os estudos em França e Itália.
Matriculou-se com apenas 13 anos de idade na Academia de Belas Artes do Porto e grande parte dos trabalhos escolares de Henrique estão expostos na "Diário de um Estudante". A exposição está tão bem organizada que conseguimos quase acompanhar o dia a dia de Henrique, um genial estudante. Perante o meu ar babado, a minha prima dizia: «Isto não foi impresso numa impressora top...» tal era a qualidade dos trabalhos. E eu respondia: «Nem feito em papel milimétrico!»
Ao 21 anos, Henrique partiu para Paris e por razões de saúde, trocou Paris por Nápoles, Capri e Anacapri.
Henrique é considerado um dos maiores da Pintura portuguesa do Século XIX. Toda a sua obra foi desenvolvida como estudante. Imaginem que tinha conseguido completar a sua formação e continuar a sua obra...
Uma das coisas que mais me impressionou nas suas obras foram os jogos de luz e da cor, a lembrar o sol alentejano. Henrique pintava ruas, pátios, caminhos, casas, bosques e andava com um conjunto de pequenas tábuas de madeira, onde esboçava as suas obras.
Esperando o Sucesso (na foto) é um óleo sobre tela de Henrique de 1882. Bolseiro do Estado, Henrique não tinha dinheiro para pagar a modelos adultos e contratou este miúdo de roupas rotas para ser o seu modelo ao vivo. Para mim, este quadro está fantástico. Está representado o atelier, que alugava com mais colegas e o miúdo, com um ar traquina e meio desafiador, aparece com um pequeno papel onde desenhou um boneco tosco, como se dissesse: «Eu também sei desenhar!». Fiquei vidrada no quadro!
A minha visita no Museu terminou na loja e como não podia deixar de ser, perdi-me com as compras. Uma delas foi um puzzle deste quadro maravilhoso.